quinta-feira, 2 de junho de 2011

E de repente a agulha, gelada e prateada, penetrando na minha pele e levando embora meu liquido vital. Cada gota saída deixava em meu corpo um calafrio insuportável. A vontade que tinha era de gritar, mas o medo de me mover me deixava imóvel. A enfermeira sorridente, prometendo a ausência de uma dor presente, destoava da minha feição de angustia. Era quase que uma cena teatral, duas máscaras: uma de alegria, com um belo sorriso; e a minha, triste, sentindo muita dor. E não parava, ela castigava. A agulha penetrava e sugava. Sugava e ria. Debochava, demorava e doía. Que agonia! Quando seria o fim de minha dor? Ouvi a enfermeira dizer: “Pronto, não doeu nada!”. Que raiva, não doeu porque não foi no braço dela. Olhei pro pequeno potinho que, rebolando, ela levava embora. Tanto sofrimento pra tirar tão pouco sangue. A dor latejava, mas a raiva dava lugar à vergonha. Enquanto eu saía da sala todos me olhavam. Será que gritei assim tão alto? Não sei. Só sei que doía. Pobre do meu braço. Todo marcado. Queria ver se tivesse sido no braço dela. Aposto que não ia ter aquele rebolado. (Mariana Scavello/Rafael Costa)

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