quarta-feira, 15 de junho de 2011

Das sensações que me assustam, a que mais me apavora é a inutilidade. Sentir-me inútil enche o meu ser de vazios. Chego ao ponto de não existir mais, reinando o não ser. Passo ao isolamento. Quase absorto em mim mesmo, entrego-me à solidão. E é lá que encontro motivos para seguir em frente. Pois percebo que mais ninguém pode agir em meu favor. Sou o único combustível de minha existência. Minha vontade me governa. Os outros podem, no máximo, servir de exemplo. Nada mais que exemplos. Mas a vontade, essa tenho de encontrar dentro de mim mesmo. Alguns, imbuídos de boas intenções, acabam servindo de muletas, carregam-me por algum tempo, mas logo se cansam. Tenho de aprender a andar não só com minhas pernas, mas com todo o meu ser. Cada parte de mim é importante para a caminhada. Meus pés, pernas, braços, cabeça, tudo deve estar em harmonia. Se a cabeça quer ir para um lado, e as pernas para outro, o que acontecerá? Com certeza haverá conflito. Devo, então, buscar o equilíbrio, mente e corpo devem estar de acordo. Tenho quase certeza que o caminho não é o mais importante. O andar, o equilíbrio, a clareza de ideias têm se mostrado mais eficaz do que o próprio destino. O caminhar determina o nosso aprendizado. O caminho? Esse permanece, fica lá, do mesmo jeito, independente da sua forma de andar. Por sua vez, a maneira que os passos são dados, possibilita ou não o aprendizado. Assim, acho que, observar a forma que andamos, é a forma mais fácil de se atingir o que queremos. Mesmo que, muitas das vezes, nem nós mesmos tenhamos consciência do que realmente desejamos. E daí, o que importa é a forma que andamos, independente do destino a ser alcançado. (Rafael Costa)

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