terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A educação que temos e a educação que deveríamos ter

O indivíduo hipócrita tem por apelido cara-de-pau, qual seja sem vergonha. Tal vocábulo, hipocrisia, muito pode ser aplicado no mundo acadêmico em que vivemos. Nossa academia vive permeada por personagens que fingem ensinar e por outros que, seguindo o mesmo raciocínio, acham que estão aprendendo. Tal acontecimento não é norteado por preceitos do acaso; deveras, podemos presentear o seu funcionamento ao sistema econômico dominante, o capitalismo. Organismo que pode ser definido como sendo sócio-econômico no qual o trabalhador livre vende sua força de trabalho aos donos do capital que matem os meios de produção. Cruelmente a busca desmedida pelo lucro recompensa os trabalhadores que produzem mais; elevando, dessa forma, a quantidade em detrimento da qualidade. A academia, local de produção do conhecimento, não ficou incólume às feridas produzidas pelos ideais liberais. Os docentes, em sua maioria, não diferentes dos demais seres humanos localizados numa sociedade de consumo buscam avidamente o óleo que lubrifica a grande máquina, o dinheiro. Na seara do lucro o clichê “quanto mais, melhor” toma vida e assume a vida dos iluminados que deveria ser voltada essencialmente para a busca do saber e não do enriquecimento financeiro. Para por em prática a acumulação do capital os educadores se assoberbam deixando de lado a liberdade e se submetendo ao rigor dos horários. Não sobra tempo para mais nada. O que se percebe, em sua grande maioria, é a presença de mestres do saber cada vez mais desmotivados, sem estímulos para dar aulas, cansados, pois, como não poderia ser diferente, valorizam o ter quando deveriam dar atenção aos verdadeiros combustíveis da educação, quais sejam a curiosidade, a interação, a cumplicidade entre o aluno e o professor. Tenho certeza que as aulas seriam melhores se fossem ministradas com entusiasmo, com dedicação, com participação, com excitação da curiosidade. Por outro lado, o ônus da culpa não pode ser posto, apenas, sobre os educadores; antes, deve-se ater à contribuição do corpo discente para a manutenção de uma aula participativa, intrigante, recheada de perguntas. Esse status só poderá ser alcançado por meio da dedicação pessoal. Assim, com a união de companheiros, aluno e professor, poderemos de verdade modificar a situação em que se encontra o ensino superior brasileiro, sem objetivo, sem estímulo para uma transmissão do saber verdadeira que visa não somente o crescimento material, mas, sobretudo o crescimento interior.

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