domingo, 15 de fevereiro de 2009

Beco sem saída

Um garoto ficou fascinado diante da possibilidade de experimentar novas sensações. Seus amigos que já haviam vivido tais emoções lhe contavam que seria impossível descrevê-las e que para entendê-las ele deveria prová-las. Curioso, o menino perguntou a um de seus companheiros de que forma ele poderia vivenciar os tão falados momentos indescritíveis. Prontamente, foi lhe oferecido a título gratuito um pozinho branco que deveria ser inalado rapidamente. As observações foram seguidas a risco e os instantes inacreditáveis, inauditos e tantos outros “ins” que seria impossível enumerá-los foram alcançados. O guri estava estupefato diante do novo mundo que acabara de conhecer; e o melhor é que ele não havia pagado nada para tanto. No dia seguinte a turma se reuniu. O nosso protagonista foi o primeiro a chegar. Se a ansiedade tivesse forma com certeza se confundiria com a dele. À medida que os integrantes do grupo iam chegando ele lhes comentava o que havia sentido na noite anterior. Seu coração palpitava rapidamente, seus olhos enxergavam além do seu verdadeiro alcance, seu corpo inteiro parecia indestrutível; era como se estivesse tendo ao mesmo tempo mil orgasmos ao lado de mil lindas mulheres. Algum tempo depois o rapaz que havia lhe oferecido o pó-mágico chegou. Seu corpo rapidamente correu em direção dele e lhe contou tudo que viveu. O homem lhe deu um abraço e com a face em direção oposta à sua sorriu um sorriso de canto de boca que não conseguia disfarçar. Era um sorriso de contentamento por ter adquirido mais um freguês. Sem perder tempo o nosso pobre inocente perguntou ao seu mais novo parceiro: como faço para obter mais pozinho? Sem titubear ele respondeu: basta ter dinheiro. Nosso aventureiro que se encontrava em estado de êxtase não hesitou em retirar da carteira a mesada que acabara de receber e entrega-la integralmente em troca do produto. Ao receber a mercadoria correu em direção à sua casa, mas a ansiedade era tanta que parou no meio do caminho e ali mesmo, num beco escuro e sombrio, inalou de uma só vez grande quantidade do pó visando uma felicidade ainda maior do que a que ele já havia tocado. O resultado não foi outro, morreu de overdose. Alguns pivetes que passavam no momento em que seu corpo agonizava, aproveitando-se da vulnerabilidade daquele desconhecido, furtaram-lhe todos os seus pertences, inclusive as suas roupas e os seus documentos. O corpo foi encontrado pela polícia três dias depois; permaneceu no necrotério por um tempo e logo em seguida foi enterrado como indigente. Sua família até hoje não sabe do seu paradeiro. Este personagem poderia ser você. Pense nisso. O caminho das drogas é um beco escuro e curto disfarçado de paraíso e que acaba num buraco sem fundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário